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terça-feira, 16 de junho de 2015

Restaurantes do Rio aderem ao Movimento Lixo Zero

O índice de reciclagem da cidade do Rio de Janeiro é de apenas 0,43%. E esse calculo sequer considera os chamados grandes geradores de lixo, que são pessoas físicas ou jurídicas que produzem mais de 120 litros de resíduos por dia. O Movimento Lixo Zero foi fundando no final de 2014, no Rio de Janeiro, com o objetivo de viabilizar a reciclagem entre esses grandes geradores, através de um sistema próprio de coleta seletiva, com encaminhamento dos resíduos às cooperativas de separação de material reciclável da cidade. 

Depois de um período de estruturação, no último mês de maio, o MLZ entrou em operação efetiva, e já conta com a adesão de vários estabelecimentos cariocas, como os restaurantes CT Brasserie, CT Boucherie, Olympe e Rede Lapamaki, dos quais foram contabilizados, neste período, cerca de 9 mil quilos de resíduos recicláveis. A rede Cafeína, Gula Gula, Bibi Sucos, La Carioca, Le Pain, Jojo Bistro e o Hotel Arena também se associaram e estão em vias de começar o processo de coleta. 

Imagem: Morguefile

“Nossa missão é viabilizar a reciclagem para supermercados, restaurantes, shopping centers e hotéis, e todos os estabelecimentos que geram grandes volumes de resíduos diariamente. Pelo sistema convencional, quem decide reciclar seus resíduos paga muito caro, pois os custos com transporte para a coleta seletiva chegam a dobrar. Nosso sistema veio justamente para tornar a reciclagem vantajosa em termos financeiros (além de ambientais), pois só assim conseguimos estimular essa atividade no setor privado. Basicamente, oferecemos um transporte personalizado e mais em conta, funcionando como uma ponte entre o estabelecimento associado e as cooperativas de material reciclável˜, explica Alfredo Piragibe, presidente do Instituto Lixo Zero. 

Ele frisa que um dos objetivos do MLZ é estimular a chamada economia do “lixo" (uma palavra que, aos poucos, está caindo em desuso). “Para nós não existe a palavra `lixo` ou `resíduo`. Os recicláveis são matéria-prima valiosa que alimenta uma cadeia produtiva próspera e gera emprego e renda para quem mais precisa", reforçou ele. 

Só no primeiro mês de coleta seletiva da rede de restaurante japonês Lapamaki, com unidades em Copacabana e Ipanema, foram removidos 3.600kg de recicláveis. “E esse montante corresponde a apenas 10% dos resíduos totais gerados pelo restaurante. Em média, 47% dos resíduos totais de um único gerador podem ser encaminhados para reciclagem. No caso do Lapamaki, o objetivo é chegar a 30% nos próximos 60 dias”, estimou Piragibe. Os estabelecimentos que conseguirem atingir a meta dos 30% serão identificados com o selo Lixo Zero. 

Segundo o presidente, todo associado será informado a respeito do quanto de seus resíduos foram efetivamente reciclados e o quanto foi convertido em renda para as cooperativas e mitigação dos impactos ambientais. Neste cenário, no primeiro mês de coleta, o Lapamaki, além de economizar com transporte, gerou cerca de R$ 540,00 para a cooperativa que recebeu seu material. "Ainda iremos realizar uma gravimetria dos resíduos para avaliar a questão dos impactos”, explicou Piragibe.

A meta do MLX é chegar ao final de 2015 com a adesão de pelo menos 100 estabelecimentos.

Conheça mais do Movimento Lixo Zero 

Além de oferecer serviços de transporte que buscam os resíduos reciclados diariamente, a custos mais acessíveis, o MLZ atua com dois outros braços principais: oferece treinamento aos funcionários dos estabelecimentos associados; e atua junto às cooperativas de material reciclável, prestando auxilio para a regularização e legalização desses organismos. 

Treinamento 

Assim que aderem ao movimento, os associados recebem treinamento, para que os funcionários aprendam a fazer a coleta seletiva. “Nesse workshop, ensinamos não só a identificar o material reciclável, como a limpá-lo, não contaminá-lo, e damos dicas de compactação do montante gerado, no próprio local. A reorganização dos resíduos descartados é fundamental para reduzir os custos com o descarte, que é medido pelo volume”, explica Fred Neumann, ministrante do curso de capacitação, ressaltando que trata-se de um processo continuo. “Depois de finalizar o workshop, mantemos o acompanhamento sobre a coleta e a destinação final do que é descartado”, esclarece. 

Atuação junto às cooperativas

O Rio de Janeiro conta com cerca de 60 cooperativas de separação de material reciclável. A maioria atua de maneira irregular, com estrutura deficiente. ”Estamos estruturando as cooperativas a receberem os resíduos. Muitas delas os recebem e os revendem para uma cooperativa maior, dada a falta de condições. Além disso, estamos prestando orientações jurídicas e administrativas para a regularização", acrescenta. 

A realidade é que essas organizações tentam sobreviver num sistema de poucos incentivos à reciclagem, orquestrado por uma lógica tributária que onera quem quer reciclar. A matéria-prima virgem, por exemplo, ainda é 20% mais barata que a reciclada. Ao vender PET usado em outro estado, paga-se um ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 12%. Já na hora de importar uma matéria-prima-virgem, essa chega mais barata, com incentivo fiscal de 9%. "A situação das cooperativas é desoladora. Muitas estão fechando suas portas. E outras são organizações apenas de fachada", explicou Piragibe. 

Tratamento dos resíduos orgânicos

Os restaurantes associados ao Movimento Lixo Zero contam ainda com a possibilidade de destinar corretamente os resíduos orgânicos. De acordo com Piragibe, nesse caso, em termos financeiros, ainda é mais vantajoso enviar os resíduos aos aterros sanitários. “Mas, mesmo assim, os nossos associados estão vendo a iniciativa com bons olhos, pois trata-se de um diferencial para a marca e tende a funcionar como um critério na hora do cliente decidir em qual restaurante irá almoçar”, aposta Piragibe.

Via: Dino
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