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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Pizzaria de Salvador inova e conquista o aquecido mercado da alimentação saudável

Confira dicas do Sebrae para investir no segmento da alimentação diferenciada

Imagem: João Alvarez para Sebrae Bahia

Orgânico, sem lactose, sem glúten, vegano. Pouco conhecidos pelos consumidores anos atrás, esses termos, ligados à alimentação diferenciada e saudável, são cada vez mais frequentes entre as demandas dos consumidores. E essa tendência pode render bons resultados também à saúde dos negócios de empreendedores atentos. Segundo pesquisa nacional do Sebrae, essa fatia do mercado está aquecida e ainda aguarda ser abocanhada. De acordo com o estudo, somente 6% das micro e pequenas empresas investem neste novo nicho, o que mostra que há um enorme potencial a ser explorado. Dos negócios já existentes no mercado, 56% optaram por trabalhar com comida orgânica, 18% com saladas especiais, 6% com comidas vegetarianas e 6% com alimentação saudável para crianças. “Hoje, apesar do boom das informações sobre a alimentação saudável, ainda é um mercado em que há poucas empresas atuando nele e tem muito a ser explorado”, explica o técnico do Sebrae Bahia, Diógenes Silva.

Mas não basta apenas correr para seguir a tendência. Para desbravar o seu espaço em um mercado tão específico, o casal Paula e Eduardo Mônaco investiu na inovação, desde o começo da Pizzalinha, pizzaria que comandam em Salvador. Afinal, não é comum encontrar o produto com massas que levem beterraba, espinafre ou cevada em sua composição. E – garante a empresária – proporcionando uma experiência gastronômica tão saborosa quanto uma pizza tradicional. “Eu sempre faço uma aposta: se você não gostar, não paga. Estamos caminhando para o sexto ano da Pizzalinha e nunca pagamos uma pizza”, comemora Paula, que vende até 150 pizzas em dias de maior movimento.

A garantia dada é de quem está acostumada a ver narizes que torcem quando o assunto é alimento saudável, para logo em seguida serem seduzidos pelo aroma e a proposta do restaurante. O diferencial do negócio, aliás, não seria sequer encontrado se não fosse por Eduardo ter um nariz assim no passado, o que lhe rendeu uma série de problemas de saúde causados pelos maus hábitos alimentares. Com 1,70m, ele chegou a pesar 111kg.

Na época, em 2012, o casal, que tinha o hábito de receber os amigos em casa todos os finais de semana para festivais de pizza, decidiu atender a pedidos e abrir a casa em formato de “restaurante secreto”, apenas para convidados. Mas Paula não queria ter “mais uma pizzaria”, como ela lembra. A massa, criada a partir de receita da avó italiana de Eduardo, já tinha um diferencial. “Ela leva menos glúten, é menos calórica, não tem nenhum derivado de ovo, leite ou fermento”, explica ele. Mas foi com a difícil missão de incluir legumes e verduras na dieta de Eduardo que Paula encontrou o seu “big-bang”.

“Pensei: e se eu tirar a água da massa e colocar beterraba?”, lembra a empresária. “A única pergunta que ele fez foi: por que é rosa?”, diverte-se, lembrando ter inventado que era anilina. A partir de então, a cozinha virou um verdadeiro laboratório, em que foram criadas dez opções de massas funcionais, hoje à disposição do cliente em um cardápio com mais de 60 sabores de pizza, entre opções salgadas e doces, incluindo veganas. A oferta de sucos acompanhou a tendência, com demanda crescente de 30% em contraste à queda do refrigerante, de 20%.

Inovação em cada detalhe

Produção própria:

Outro diferencial encontrado pela pizzaria foi a fabricação própria. Paula conta que, para viabilizar a oferta de um queijo vegano, passou dez dias na cozinha em busca da receita perfeita, já que avaliava o produto no mercado como caro e de sabor não agradável para quem não está habituado. A ousadia rendeu resultado – há cerca de dois meses o cliente pode optar pelo queijo de leite de vaca ou o vegano, sem alteração no valor da pizza. “Conseguimos atender um novo nicho de mercado. Pessoas que têm alguma intolerância ou optam pela vida vegana”, destaca Eduardo.

Sustentabilidade:

A dupla também buscou investir na sustentabilidade do negócio, reduzindo o uso de água e apostando na reciclagem do lixo. “A estrutura física foi construída com madeira de reflorestamento e com telhas ecológicas, fazemos captação de chuva para uso nos vasos sanitários”, destaca Eduardo.

Após capacitação intensa, franquia à vista:

A ideia era ótima e o sabor vindo da fornada também, mas o casal se deparou com o desafio de provar isso para os clientes. “Como eu vou fazer as pessoas aceitarem um novo alimento, acreditarem que a pizza continua deliciosa, sem alterar o sabor, a textura?”, recorda Paula. “Foi uma quebra de paradigma muito intensa”, avalia Eduardo. Para encontrar as respostas, a dupla resolveu investir na capacitação intensa de Paula, durante mais de dois anos.

“Eu participei de quase tudo do Sebrae, fazia questão de aprender. Como eu ia abrir um negócio se eu não sabia nada”, lembra Paula, que deixou o emprego como gerente de vendas para se dedicar ao negócio e aos estudos. “Pensei: eu sei trabalhar, não tomar conta de um empreendimento. Sei vender, não sei comprar. Em tudo isso, o Sebrae me deu apoio”, conta, destacando entre as capacitações realizadas com a instituição todas as Oficinas SEI, o curso de Gerenciamento Básico e outras, que auxiliaram no planejamento estratégico da pizzaria. A partir de diagnóstico do negócio realizado por especialista, eles chegaram até mesmo a mudar o layout do bar, e hoje têm o acompanhamento de um agente local de inovação (ALI).

O resultado do investimento veio e, um ano e meio depois, foi a vez de Eduardo deixar o emprego para unir forças na Pizzalinha, que abriu as portas em local definitivo em 2014, no bairro de Stella Maris. No ano seguinte, o faturamento da empresa já não cabia no perfil de microempreendedor individual (MEI) e a pizzaria passou a ser uma microempresa.

Hoje com 12 funcionários, Paula e Eduardo já estão de olho em outros voos. Após estudo de viabilidade de franquia realizado com o Sebrae, eles se preparam para formatar o negócio e ampliar a atuação da Pizzalinha, levando o conceito de pizza funcional e saudável a mais consumidores. Quanto a Eduardo, o empresário continua comendo pizza todos os dias. Mas, dessa vez, com a saúde sob controle.

Quer investir na alimentação diferenciada? Fique atento às dicas do Sebrae Bahia!

Fidelização:

Procure fidelizar o seu cliente. Quem come esse tipo de alimentação, na maioria dos casos, acaba preferindo sempre essa. Já sabe que ali ele vai encontrar o que quer.

Definir o tipo de alimentação:

Há a orgânica, a sem lactose, sem glúten. Tem alimentação pronta, fora do lar, marmita. Há uma série de possibilidades. É preciso entender e conhecer o nicho em que vai atuar, sem querer abraçar todas as opções, para direcionar o trabalho de marketing e criar a identidade do negócio.

Público exigente:

A propaganda enganosa é inaceitável para qualquer negócio. E, neste mercado, ela não é perdoada. É um cliente mais fiel, mas também mais exigente e cuidadoso. Se disserem que o produto é sem glúten e o produto tiver glúten, o cliente não volta mais, e ainda podem acontecer implicações sérias de saúde.

Precificação:

Pensar em opções para manter um preço adequado é um desafio, como o enfrentado pela Pizzalinha para a oferta do queijo vegano. Normalmente, o cliente está disposto a pagar um pouco mais, mas até quando vai esse um pouco mais? É uma questão de atenção e cuidado.

Desenvolvimento de produtos:

Há muita gente substituindo a carne por outras coisas, por exemplo. E surgem inúmeras possibilidades. Existe a oportunidade de contar com o Sebraetec para desenvolver novos produtos, com um subsídio de até 70%.

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